sexta-feira, 24 de junho de 2011

Espadas, jangadas e voos

Pessoal, deste sonho eu tenho certeza que vocês vão gostar:

Eu estava no oitão entre a casa da minha mãe e a casa da minha avó, num campeonato de espadas. Todo mundo da minha família estava lá e eu tava me saindo muito bem, com uma espada medieval de prata. No fim, ficamos eu e um senhor. Ele duelou com uma goiva gigantesca, e era muito melhor do que eu. Lutámos por algum tempo. E então, de repente, ele puxou a vela de uma jangada de debaixo da blusa e o vendo o levou. Eu agarrei o pano e começámos a voar. Pense, nós voando e duelando. Eu quase cortei a goela dela. Mas, também de repente, um amigo meu, V., surgiu e se agarrou na vela e veio voando junto também. Acabei o sonho acordado em meio à meialuz da manhã cedo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A festa dos gatos

Minha tia, A., sempre, por ter muitos gatos, teve a vontade de dar uma festas dos gatos. Convidaria os gatos da vizinhança, daria ração aos bichanos, e todos ouviríamos música de gato. Infelizmente, essa festa nunca aconteceu. Curiosamente, porém, esta noite sonhei com ela.

No meu sonho, eu me lembro de que olhava um álbum de fotos da festa dos gatos. Na maioria delas, as imagens se moviam, como pequenos vídeos inscritos no papel. Mas a única de que me lembro com clareza era estática. Nela, eu vi meu pai tocanco guitarra, sorrindo todo gatorão para a câmera; alguém que agora não reconheço num tambor altíssimo, até o peito; e dois gatos, cada um em seu pedestal, cantando, por trás de seus microfones, e sorrindo, como se fossem gente.

Acordei muito bem daquele sonho, com a estranha nostalgia de uma coisa que nunca aconteceu. Obviamente, não se trata de nostalgia, no sentido forte do termo, uma vez que só podemos sentir nostalgia de algo que necessariamente está no nosso passado e portanto aconteceu. Talvez eu chame de saudade. Estou com saudade da terra dos meus sonhos.

sábado, 19 de março de 2011

Na barragem do rio

Caros leitores, para esta postagem, terei primeiro que contextualizar-lhes a paisagem que abrigou meu último sonho. E tudo começa com eu contanto que minha cidade natal, Limoeiro do Norte, é cercada por braços dos rios Jaguaribe e Banabuiú, o que, de certo modo, faz dela uma ilha. E nessa ilha, existe um balneário muito concorrido e querido que é a Barragem das Pedrinhas. Construída 30, 40 anos atrás, com o objetivo de reter alguma água e assim perenizar aquele trecho do rio Jaguaribe, o empreendimento acabou se tornando ponto turístico. Muitas pessoas estão lá no carnaval e nos dias de sol, mas eu recomendo que se vá lá nas noites de lua cheia. A água fica prateada com o luar e a brisa norte, ao criar pequenas ondulações na superfície, tremores que vão da água até o corpo.

Bom, foi nessa barragem que eu tive meu último sonho. Ei-lo, pois: Corria eu com uns amigos, a fim de tomar banho acolá. Fazia dia, tarde e noite ao mesmo tempo. E o céu parecia vermelho. A impressão de susto e fuga transpirava de todas as coisas, de todos os instantes. Nós só tínhamos o medo e a demente alegria que ele nos excita. Então, ao chegarmos à barragem, percebíamos que de já estávamos debaixo de barracas de teto de palha. E a água nos comprimia até a altura desse teto. Ah, tínhamos medo, queríamos sair, mas além da palha do teto não havia nada. Então, já estávamos correndo de volta pra casa eu e meus amigos. Não sei quem eram nem que rostos tinham. Mas corríamos como se fôssemos um só. Lembro que ainda voltei à barragem uma ou duas vezes, e a água sempre estava quase a me afogar contra o teto. Mas então acordei. Não entendi nada, mas ficou em mim a doce excitação do assustado.

domingo, 13 de março de 2011

Pesadelos

Naquela noite, estava no antigo quarto da minha falecida avó Mosa. O casarão é antigo e escuro, e as chuvas do inverno estão esculpindo ainda mais uma atmosfera lúgubre e úmida no lugar. Fosse antigamente, teria medo do escuro. Mas agora, por algum motivo, o escuro me agrada e me aconchega. Sinto-me num grande útero, e o ar gelado me agrada. Ouço algumas músicas antes de dormir, coisa leve, Björk e Gino Paoli. Aos poucos começo a descomeçar, e o mundo a se desfazer: é que durmo. E, já dormindo, não ouso falar.

Acordo no dia seguinte com uma tranquilidade assombrosa. Grande, profunda e aterradora, embebida naquele medo sobrenatural que sentimos quando à beira de poços, cacimbas e abismos. O medo de cair. Só então, lembro-me do sonho da noite. Um sonho ruim. Eu conversava com a minha mãe. Tínhamos acabado de deixar em seu quarto, afim de que descansasse, um bebê. Um bebezinho menino, de modo que não pode ser ninguém que eu conheço. Eu acho... Mas então o medo assalta o meu coração, assim como a minha mãe, e nos olhamos, num silêncio que explica tanto o medo como a razão desse medo. O bebê corre perigo.

Então corremos eu e minha mãe ao quarto do bebê. Obviamente, o corredor por onde corremos, assim como a casa a que ele pertence, não é nenhuma de que nos lembremos ou que conheçamos. É um lugar estranho e estranhamente é familiar. Ainda com medo, chegamos ao fim do corredor, no lugar onde há uma porta de duas abas. Abrimo-la eu e mamãe, e neste instante nosso coração se torna gelo, como um grito de gelo que morre surdo em nossos peitos. Minha tia Thelma, irmã de minha mãe, com os cabelos eriçados até à louca aparência da Winehouse, insadecida e assustada, devora as tripas do meu bebê. Come-o ferozmente, com a bocarra louca ensaguentada e as mãos, trêmulas, em movimentos de posse. É meu porque o comi, ela parece dizer enquanto come o corpo da criança morta.

O sonho ruim acaba, e depois disso não sei dizer se era minha mãe com quem eu falava, ou se um amigo, ou amante, ou ainda um cúmplice, e também me esqueço de quem seja o bebê. Se é que um dia eu soube... Mas o estranho, o assustador, o que me faz pensar se estou perdendo minha sensibilidade diante da dor ou se apenas estou me tornando menos fácil de amedrontar, é que não acordei assustado. Não suei frio nem me desesperei no escuro e no assombroso. Senti, é claro, uma profunda tristeza ao ver o bebê morto e um enorme medo ao ver minha tia em suas maneiras mais bestiais e assassinas, mas o que eu quero dizer é que o sonho não teve forças para me demover de minha tranquilidade. Sonhei-o e nada mais. Estarei me tornando estátua?

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Omnirica Peripaica

Ontem à noite, eu tive daqueles sonhos de que a gente acorda e pergunta ao universo: Hã? Realmente, a expressão nonsense nunca fez tanto sentido. Meu sonho começa quando recebo dois amigos em casa, o T. e um a quem, no sonho, conheço, mas que agora ignoro quem seja. Bem. Meu apartamento está estranhamente maior, com uma luz amarelada clara e mobília rústica com balaios marrons e sofás de esteira. Sei que é minha casa, mas, na verdade, esse lugar não existe. Mas sim: então o T. tira a bermuda, sorri e se senta sobre mim. Nós começamos a transar, enquanto o amigo desconhecido faz algo a que não damos atenção. Mas aí eu cago doce de leite, e fujo para o banheiro, para fugir da vergonha de ser pego com as calças curtas... Mas o T. já tá no banheiro, e eu, sem querer, melo ele com minha doce excremência. (Talvez eu tenha sonhado isso porque antes de dormir na noite passada, assisti a Two Girls One Cup...)

Depois disso, o T. fica chateado e constrangido, e eu saio do banheiro. Então, a casa já é a minha mesma, meu adorável dois-quartos-uma-sala na Monsenhor Salazar 399. Acontece algo de que agora eu não me lembro. Mas noto que no lugar que na "vida real" está o meu varal, está, atrás de um balcão de pedra com tampo de mármore, uma pequena lanchonete, onde meu colega de quarto, o Jova, está trabalhando. Então eu peço um café pingado e duas empadas, e alguma coisa salgada em forma de sacola de plástico que fico muito feliz de levar. Pago, ou não pago, nem sei... e vou mimbora. Só que quando saio de casa...

Outra surpresa: Além da minha porta não está o rol e a escada que dão pra fora do prédio, mas algum lugar que é ao mesmo tempo os Jardins do Theatro José de Alencar e o Passeio Público de Fortaleza. As plantas iluminadas dos Jardins se confundem à leveza solene do Passeio. De fato, de um lado está o prédio do Theatro, e do outro a vista do Passeio: o mar de Iracema. Estou com a Vivi e a Regy. As empadas são delas: pois lhas dou. Noto na clareza dos Jardins alguns amigos que namoram entre os arbustos e canteiros. Porém o mais belo está por vir. Olho, à minha direita, e vejo que é noite clara, o céu parece uma grande cuia de leite azul negro visto por nós como uma abóbada, nublado, sem nenhuma estrela. Ah, mas há luz, e é para ela que todos se voltam, nas varandas do Passeio Público. O mar, cuja maré subiu até bater nas pedrinhas que sustentam nossos pés, dum azul marinho profundo e ancestral, bate em ondas e por todo lado há uma luz branca clara e fresca. Do mar surge luz. E toda sua azulidão fica ofuscada pela brancura da luz, como se o mar fosse um suco de uva e nós tívessemos derramado todo o leite do mundo lá. E é isso que há. Eu, Vivi e Regy nos mirantes do Passeio Público, olhando esse mar brilhante e sem fim.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Do meu irmão

Bom, como o meu estoque de sonhos está ruinzinho das pernas devido a doses extras de café e chimarrão e ao cansado dos primeiros dias de aula (nos finais, a gente não se cansa porque já largou tudo ao deus-dará mesmo), hoje trago o idiossincrático relato onírico de meu irmão Gustavo.

Gustavo sonha que mergulha no oceano, sob a imensidão agonizante de uma céu nublado. Mergulha, mas quando tenta vir à tona, percebe que por sobre todo o mar existe uma capa, que ele não sabe distinguir, mas descreve como "de pesca", "não sei" e "grosso". Então ele bate num barco, e, segurando-se a ele, sai do mar. Já está no porto, podemos ver como nessas bandas o transporte é rápido, e lá encontra estivadores, homens do mar negros e irritadiços, que batem nele porque, ele não sabe, mas acha que é por causa de invasão. Mas então aparece o chefe deles, que dá carão nos estivadores por terem batido em nosso herói. Bom, o que conta Gustavo desse final de sonho é que o homem chefe lhe dá um banho e um sanduíche. Acabou.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Insônia, cruel companhia.
Eu, torto de sono e tu
não me deixa dormir.
Insônia, quem me dera
ter-te a ti nas aulas de
fundamental hipocrisia.