sábado, 19 de março de 2011

Na barragem do rio

Caros leitores, para esta postagem, terei primeiro que contextualizar-lhes a paisagem que abrigou meu último sonho. E tudo começa com eu contanto que minha cidade natal, Limoeiro do Norte, é cercada por braços dos rios Jaguaribe e Banabuiú, o que, de certo modo, faz dela uma ilha. E nessa ilha, existe um balneário muito concorrido e querido que é a Barragem das Pedrinhas. Construída 30, 40 anos atrás, com o objetivo de reter alguma água e assim perenizar aquele trecho do rio Jaguaribe, o empreendimento acabou se tornando ponto turístico. Muitas pessoas estão lá no carnaval e nos dias de sol, mas eu recomendo que se vá lá nas noites de lua cheia. A água fica prateada com o luar e a brisa norte, ao criar pequenas ondulações na superfície, tremores que vão da água até o corpo.

Bom, foi nessa barragem que eu tive meu último sonho. Ei-lo, pois: Corria eu com uns amigos, a fim de tomar banho acolá. Fazia dia, tarde e noite ao mesmo tempo. E o céu parecia vermelho. A impressão de susto e fuga transpirava de todas as coisas, de todos os instantes. Nós só tínhamos o medo e a demente alegria que ele nos excita. Então, ao chegarmos à barragem, percebíamos que de já estávamos debaixo de barracas de teto de palha. E a água nos comprimia até a altura desse teto. Ah, tínhamos medo, queríamos sair, mas além da palha do teto não havia nada. Então, já estávamos correndo de volta pra casa eu e meus amigos. Não sei quem eram nem que rostos tinham. Mas corríamos como se fôssemos um só. Lembro que ainda voltei à barragem uma ou duas vezes, e a água sempre estava quase a me afogar contra o teto. Mas então acordei. Não entendi nada, mas ficou em mim a doce excitação do assustado.

Um comentário:

  1. "Doce excitação do assustado" a descoberta das emoções é sempre excitante.
    As águas, normalmente simbolizam emoções (o nosso campo emocional). As águas represas por uma barragem são emoções contidas e não reveladas e vivenciadas.
    O fugir e tornar a voltar para enfrentar as águas é a necessidade de confronto com as emoções para as integrar no desenvolvimento pessoal e construção da personalidade.

    Abraço

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